terça-feira, 28 de abril de 2009

retalhos.

Ela se esconde atrás do pai, só que agora ela quer o colo da mãe
E enquanto recebe o afago da mãe, olha para os cachos do pai
talvez ela ainda consiga entender aquele brilho nos olhos
O abraço é forte e tudo o que mais precisava e queria.
O sorriso é gratuito e brota sem esforço
Ela se lança naquele momento, uma tarde que chega ao fim, maio ganha mais cor, o ar ganha um novo cheiro
Tudo percorre em seus olhos, tudo agora é harmonioso. provável que tudo agora é harmonioso. provável que tudo se transforme em doces lembranças
Lembranças de doces, cheiros e gostos, Clarice já não espera o vento soprar de frente pra trás, se chorar aliviasse
a saudade, choraria.
mas chorar só é concretizar a dor. E tudo foi tão bom, que só sorri. Olhar para trás é sentir-se protegida.
Ela sabe, o amor transcende a distância, aquelas figuras do passado estão tão presentes sempre. O futuro está embrulhado em um papel transparente, o futuro é transparente.
E as vozes que ouve são tão reais, tão perto, tão suaves, lhe apontando saídas luminosas, convidativas. Parece até sentir o cheiro de café que seu pai tanto gosta. Ainda ouve sua mãe chamando-a para sair ao jardim ver as hortências crescerem...
Vai, Clarice, pode chorar.
Abre os olhos e dá o primeiro gole de café, na manhã... é hora de trabalhar, de manter os olhos abertos ao dia e à saudade do coração.